O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) lançou nesta terça (23) o Plano Decenal para a Ciência Antártica do Brasil (2023-2032), que define as diretrizes da pesquisa brasileira no continente antártico nos próximos dez anos. Durante o evento, foi anunciado um edital de R$ 30 milhões para financiar o próximo ciclo de estudos na região.
De acordo com a ministra Luciana Santos, esse investimento representa a maior quantia já disponibilizada em uma chamada pública exclusiva para a ciência antártica em quatro décadas de pesquisas brasileiras no polo. Ela destacou o comprometimento do MCTI com as atividades de pesquisa desenvolvidas pelo Programa Antártico Brasileiro, que permite ao Brasil estar entre os 29 países que são membros consultivos do Tratado da Antártica. A ministra ressaltou que a participação nesse seleto grupo, que define o futuro da Antártica, é possível graças ao investimento em ciência.
O edital permitirá o uso dos 17 laboratórios da Estação Antártica Comandante Ferraz e garantirá atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação no continente pelos próximos quatro anos. Uma das novidades é que parte dos projetos será destinada a grupos emergentes, promovendo a renovação e a expansão do número de pesquisadores na área. Além disso, haverá um maior enfoque na divulgação científica, visando engajar a sociedade na conservação ambiental e na importância da região antártica para o planeta.
O Plano Decenal para a Ciência Antártica foi elaborado pelo MCTI em conjunto com o Comitê Nacional de Pesquisas Antárticas (Conapa), contando com a participação da comunidade científica. O contra-almirante Marco Antônio Linhares, da Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar, destacou a importância do plano para a comunidade científica, fornecendo uma visão de longo prazo e estabelecendo diretrizes claras para a pesquisa antártica.
O novo plano ampliou de cinco para sete os programas temáticos de pesquisa, abrangendo áreas como Gelo e Clima, Biodiversidade Antártica, Oceano Austral, Geologia e Geofísica, Alta Atmosfera, além dos programas de Ciências Humanas e Sociais e Saúde Polar. Outra inclusão significativa foi um capítulo dedicado ao Ártico, abrindo possibilidades para o desenvolvimento de pesquisas brasileiras na outra extremidade polar. Isso permitirá a realização de estudos comparativos entre os dois polos. O Brasil também estabeleceu associações formais com o Comitê Internacional para a Ciência do Ártico e aderiu ao Tratado de Svalbard, além de cooperar com as atividades dos grupos de trabalho do Conselho do Ártico.