Sam Bankman-Fried (conhecido como SBF), o proeminente empresário do universo das criptomoedas, está enfrentando o julgamento que enviou ondas de choque através do setor financeiro dos Estados Unidos. Ele é o fundador da FTX, uma renomada plataforma de troca de criptomoedas que se viu envolvida em acusações de ser palco de “uma das maiores fraudes financeiras da história americana”, resultando em um colapso drástico em seu valor.
Embora SBF tenha veementemente afirmado sua inocência em relação a essas acusações, o escândalo que o envolve atraiu a atenção global. Um detalhe notável é a decisão de Michael Lewis, autor consagrado de obras de sucesso como “Liar’s Poker”, “Moneyball” e “The Big Short”, de lançar um livro intitulado “Going Infinite” que investiga a ascensão e queda de SBF, exatamente no primeiro dia do julgamento.
A relação entre Lewis e SBF começou de maneira peculiar. Um amigo em comum, que considerava investir na FTX, apresentou Lewis a SBF em 2021. Ele desejava que Lewis analisasse a integridade do jovem bilionário antes de tomar qualquer decisão de investimento. O que começou como um encontro casual se transformou em mais de 100 reuniões ao longo de dois anos.
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SBF, cuja fortuna foi estimada em impressionantes 22,5 bilhões de dólares, chamou atenção não apenas por seu notável sucesso empresarial, mas também por suas peculiaridades. Em uma entrevista, por exemplo, foi flagrado jogando videogame enquanto respondia a perguntas.
Além disso, ele buscou parcerias com ícones do mundo esportivo e da moda, como Tom Brady e Anna Wintour, com o objetivo de dar legitimidade e impulsionar a FTX. Enquanto isso, a plataforma registrava transações diárias de até 15 bilhões de dólares.
No entanto, SBF não se restringiu apenas ao âmbito dos negócios e das celebridades. Ele também adentrou a esfera política. Durante uma reunião com Mitch McConnell, líder do Partido Republicano, SBF discutiu o financiamento de candidatos políticos para contrabalançar a influência de Trump na agremiação. Lewis até sugeriu que SBF teria considerado a ideia de oferecer 5 bilhões de dólares a Trump para evitar que ele se candidatasse novamente à presidência.
Contudo, todo o sucesso e influência de SBF desmoronaram rapidamente. A FTX, cuja valorização estava fortemente baseada em especulações, viu seu valor despencar quando essas especulações não se materializaram.
Para Ayelet Noff, CEO e fundadora da firma de relações públicas Sliced Brand, SBF estava claramente “acima de sua capacidade de gestão”. Ela acredita que a situação da FTX atrasou a adoção de criptomoedas por pelo menos um ou dois anos.
A questão que o tribunal terá que resolver não é apenas sobre os erros financeiros de SBF, mas principalmente sobre suas intenções. O mundo das criptomoedas é conhecido por sua natureza volátil e, frequentemente, obscura. Mesmo que SBF não tenha agido com a intenção de defraudar, a verdade é que sua gestão acabou resultando em enormes discrepâncias financeiras entre a FTX e a Alameda Research, sua empresa irmã.
O caso de SBF e da FTX serve como um lembrete de que, no mundo acelerado das criptomoedas, é essencial exercer prudência, transparência e, acima de tudo, integridade.